16 fevereiro 2009

Há algo de podre no reino da Dinamarca... ou "Falar é de graça, agora, provar, que é bom, custa caro..."

Na revista Veja desta semana, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) deu uma entrevista ácida sobre seu próprio partido e o legislativo federal, onde era difícil separar indignação sincera do desencanto ou de rancores internos.

Seria potencialmente uma bomba, se não fosse por um detalhe: Jarbas não acusa ninguém nominalmente, nem faz menção direta a provas. Será que alguém vai colocá-lo contra a parede e exigir nomes, provas e cabeças? Assim como fizeram com o Roberto Jefferson? Ou apenas ouvimos mais um eco do aforismo popular: "político não presta, é tudo igual"?

Fiquem com o excelente texto de Fernando Rodrigues para a Folha de São Paulo de 16/02/09.


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FERNANDO RODRIGUES
Os fatos, por favor, Jarbas

BRASÍLIA - Até jornalistas com todas as dificuldades imagináveis às vezes conseguem demonstrar atos de corrupção na esfera pública. O que dizer da capacidade de um político duas vezes governador do Estado de Pernambuco, da elite do PMDB e hoje titular de cargo de senador da República?
Trata-se de Jarbas Vasconcelos, integrante da ala ética (sic) do mundo maravilhoso peemedebista. O político pernambucano vocaliza opiniões minoritárias na sigla. Seu azedume aumentou nos últimos tempos. "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", disse ele a Otávio Cabral, em "Veja".
Em Brasília e em política quase tudo se sabe. Quem dera os jornais pudessem sair por aí apontando dedos para quem se parece ou se comporta como corrupto. Faltaria papel e tinta. Para o bem ou para o mal, estamos obrigados a revelar fatos e provas quando alguma acusação é publicada. Sem esse tipo de escrúpulo, Jarbas não quis especificar qual é essa tal "boa parte do PMDB" ligada à corrupção.
Inimputáveis, congressistas falam o que lhes vêm à telha. Jarbas é bem informado. Lembro-me dele há 20 anos, em 1989. Em conversas de bastidores me dizia por que Ulysses Guimarães era uma escolha difícil como candidato peemedebista a presidente. Ulysses perdeu feio, traído pelo partido. Jarbas poderia apresentar fatos.
Suponho que ele os tenha. Demonstraria como é e quem pratica corrupção dentro do PMDB. Faria bem à democracia se oferecesse ao público informações objetivas.
Sem dados concretos, sua valentia retórica vale pouco. Só serve para validar a percepção nefanda e equivocada de que "todos os políticos são ladrões". Sem provar suas acusações, Jarbas também patrocina uma festa no céu para os corruptos. Dá a eles a chance de se mostrarem indignados em público enquanto festejam em privado.

frodriguesbsb@uol.com.br

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